sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Pensando nos rostinhos alegres, tristes, pensativos, distantes... esses que nos aguardam todos os dias...
O adolescente
Mário Quintana
A vida é tão bela que chega a dar medo.
Não o medo que paralisa e gela,
Estátua súbita,
mas esse medo fascinante e fremente de curiosidade que faz
o jovem felino seguir para a frente farejando o vento
ao sair, a primeira vez, da gruta.
Medo que ofusca: luz!
Cumplicemente,
as folhas contam-te um segredo
velho como o mundo:
Adolescente, olha! A vida é nova...
A vida é nova e anda nua
- vestida apenas com o teu desejo!

domingo, 2 de agosto de 2009

No mês de maio, aconteceram três oficinas com cada turma.
Na primeira delas, depois da leitura do texto “Diferentes concepções de língua na prática pedagógica” de Maria Luíza Corôa, os grupos debateram, dialogaram com o texto e apresentaram suas conclusões à turma. No momento da socialização das atividades que foram aplicadas em sala, houve bastante interação no grupo – é um momento muito enriquecedor.

Em outro encontro, depois do relato de experiências, que é um momento ímpar, lemos um trecho de um conto retirado do livro de Ângela Kleiman, Texto e leitor. Diante da proposta de trabalho, os cursistas produziram anúncios classificados, notícias, boletins de ocorrência, memorando, cartas, dentre outros.

Abaixo um texto produzido no encontro:

PRECISA-SE


Precisa-se de governanta experiente para administrar uma casa grande, dois andares e três crianças.

Será necessária muita dedicação para organizar a lenha, acender a lareira e aquecer o ambiente.

Não se poderá esquecer, na educação das crianças, de ensiná-las a ouvir o crepitar das chamas.

A casa é grande e as crianças sempre deverão estar limpas, após a retirada das roupas sujas de terra e grama do jardim.

Como a casa é isolada, é preciso preencher o vazio com risos, sonhos e música.

Os pais estão sempre ausentes, com seus quartos trancados e trancados em suas vidas, por isso a casa deve estar sempre de portas abertas esperando a chegada daqueles que ainda vão brincar.
Buscam-se referências e pistas.
Favor mandar mensagens ao vento, afagos no olhar, mantendo contato.
Ritta Duarte.





No último encontro do mês, realizaram a transposição de gêneros – levei fichas com textos de diferentes suportes.
Também foi feita a leitura dialogada do texto “Já não se fazem bancos como antigamente” e pudemos dar boas risadas – artistas das turmas proporcionaram ao grupo um momento de descontração.


A embalagem do Plasil foi transformada em um simpático anúncio:
Vai viajar de navio...
de trem...
de ônibus?
Não se esqueça do


Plasil na sua bagagem.

PLASIL

Alívio imediato contra o enjoo.

O seu melhor companheiro para viagem.


Ao persistirem os sintomas, consulte seu médico.




Ivan, Conceição, Priscila,
Raquel e Marlene.



Propaganda transformada em notícia:

Ações do governo melhoram a vida dos brasileiros


Parceria do Governo Federal com estados e municípios resulta em qualidade na educação pública.
Em todos os cantos do país já é possível perceber ações para melhorar a qualidade da educação pública. Dentre as que estão em andamento destacam-se a liberação dos recursos financeiros do FUNDEB para a educação infantil e ensino médio; a construção de 214 escolas técnicas federais, 10 novas universidades, 88 polos universitários.

“Tais ações beneficiarão muitos estudantes, além de ampliar o acesso ao Ensino Superior de qualidade”, explica o ministro da educação Fernando Haddad.

Ainda segundo ele, outras ações, como a ampliação do ProUni, o ProInfância e o Mais Educação contemplarão crianças e jovens de todo o país até o final de 2010.

“É assim que o país cresce, levando mais Brasil para mais brasileiros”, conclui.


Luciana, Márcia, Valéria e Gugu

“Um galo sozinho não tece uma manhã

ele precisará de outros galos.

De um que apanhe esse grito.....”.

João Cabral de Melo Neto

No mês de junho, pensando sempre em “quem é o professor de Português?”, “quem é o nosso aluno?”, continuamos as oficinas e usamos para leitura reflexiva dois textos: uma entrevista com o linguista João Wanderley Geraldi, publicada no almanaque Na ponta do lápis - “Professor não pode ter medo de errar” e “O conhecimento prévio na leitura” de Ângela Kleiman.

No último encontro do semestre, a turma assistiu ao filme “Narradores de Javé” e fizeram um plano de aula explorando esse recurso pedagógico.

Os relatos de prática são, em todos os encontros, momentos muito produtivos – é muito bom ter oportunidade de refletir sobre as atividades que aplicamos - há sempre muita interação. Os cursistas têm se preocupado em trabalhar atividades contextualizadas e afirmam que os alunos melhoraram e estão mais autônomos e mais motivados para as aulas – especialmente para as atividades realizadas coletivamente.

“Não tenho a menor ideia de onde aprendi a ser escritor. Mas posso garantir que não foi na escola.”

Rubem Alves

Pessoal,

Aqui em Minas Gerais, o início das aulas foi adiado em função da gripe suína.
Será que também adiaremos os módulos do Gestar II?

Abraços,

Para reflexão e deleite!!!!!!

PARA SARA, RAQUEL, LIA E PARA TODAS AS CRIANÇAS

Carlos Drummond de Andrade


Eu queria uma escola que cultivasse

a curiosidade e a alegria de aprender,

que é em vocês natural.

Eu queria uma escola que educasse

seu corpo e seus movimentos,

que possibilitasse seu crescimento físico

e sadio. Normal.

Eu queria uma escola que lhes ensinasse

tudo sobre a natureza, o ar, a matéria,

as plantas, os animais,

seu próprio corpo. Deus.

Mas que ensinasse primeiro

pela observação, pela descoberta,

pela experimentação.

E que desse coisas que lhes ensinasse

não só a conhecer. Como também a

aceitar, amar e preservar.

Eu queria uma escola que lhes

Ensinasse tudo sobre a nossa

história e a nossa terra de uma

maneira viva e atuante.

Eu queria uma escola que ensinasse

a vocês a usarem bem a nossa

língua, a pensarem e a se

expressarem com clareza.

Eu queria uma escola que ensinasse

a vocês a amar a nossa literatura e

a nossa poesia.

Eu queria uma escola que lhes ensinasse

a pensar, a raciocinar,

a procurar soluções.

Eu queria uma escola que, desde

cedo, usasse material concreto para

que vocês pudessem ir formando

corretamente os conceitos

matemáticos, os conceitos de

números, as operações... Usando

palitos, tampinhas, pedrinhas... Só

porcariinhas!!! Fazendo vocês

aprenderem brincando.

Oh, meu Deus!

Que Deus livre vocês de uma escola

onde tenham que copiar matéria.

Que Deus livre vocês de decorar

sem entender nomes, datas, fatos...

Que Deus livre vocês de aceitarem

conhecimentos “prontos”,

mediocremente embalados nos livros

didáticos descartáveis.

Que Deus livre vocês de ficarem

passivos, ouvindo e repetindo,

repetindo...

Eu também queria uma escola que

também desenvolvesse a

sensibilidade que vocês já têm,

para aprender o que é terno e bonito.

Eu queria uma escola que ensinasse

a conviver, a cooperar, a respeitar, a

esperar, a saber viver

em comunidade, em união...

Que vocês aprendessem a

transformar e criar.

Que lhes desse múltiplos meios de expressarem cada

sentimento, cada drama, cada emoção.

Ah! E antes que eu me esqueça: Deus livre vocês de um professor incompetente.

terça-feira, 9 de junho de 2009

FOTOS DAS TURMAS QUE ACOMPANHO
















Já não se fazem bancos como antigamente...

Já não se fazem bancos como antigamente...

Autor desconhecido

- Bom dia, moço! Eu vim porque tava precisando de um dinheiro... Sabe como é, né? As coisas não tão nada fácil...

- Depende, cavalheiro, há certas formalidades prévias que o senhor deverá atender para obter um empréstimo em nosso banco. O senhor já tem cadastro aqui no nosso banco?

- Se eu tenho o quê? Padrasto? O senhor quer dizer um padrinho, um pistolão?

- O que o senhor está querendo insinuar? Perguntei apenas se o senhor já tem ficha aqui no banco.

- Ah, ficha. Sei. Não, aqui no banco, não. Mas mês passado, quando eu operei de hérnia, eles fizeram uma pra mim lá no hospital. Eu tou até com ela aqui no bolso. Sorte, né? Eu peguei ela de lembrança, enquanto a enfermeira não tava olhando e juro que eu não imaginava que ela ainda fosse valer. O senhor pode aproveitar ela mesmo, pra gente ganhar tempo.

- Desculpe, cavalheiro, mas nós não estamos interessados em suas doenças. Precisamos apenas de alguns dados sobre a sua situação financeira. Por exemplo, qual é o seu patrimônio líquido?

- Olhe, líquido, líquido eu não tenho muita coisa não. Já tive no outro terreno que eu tinha. Eram três nascentes e duas água das que só vendo. Mas eu vendi... Meu patrimônio hoje é todo sólido: - terras, casas, um cafezal e umas vaquinhas. Bom, de líquido tem a represa da fazenda e umas garrafas de pinga do tempo que eu tive engenho. É das boas, das amarelinhas...

- O senhor já operou em algum banco?

- Não, em banco não. Operei mês passado mas foi no hospital mesmo, conforme eu falei pro senhor. Se eu soubesse que o banco do senhor opera eu podia ter vindo pra cá, né? Aí quem sabe facilitava agora na hora do empréstimo...

- Não, meu amigo; o senhor não me entendeu. Eu lhe perguntei se o senhor já operou em algum banco da praça?

- Não, na praça nunca. Só lá em casa, sabe. Eu mesmo é que capo meus porcos, corto os cascos das vacas com mangueira, essas coisas, sabe? Mas eu opero tudo é lá no curral mesmo. Tinha graça eu levar esses bichos pra operar num banco da praça, bem em frente da matriz!

- Não se trata disso, cavalheiro. Eu preciso saber é se o senhor já foi mutuário de alguma carteira?

- Que negócio é esse? Então o senhor me acha com cara de camelô para ser mostruário de carteira?

- Mostruário não. Eu disse mu-tu-á-rio. O senhor já teve experiência com alguma carteira?

- Essa agora! Em vez de camelô o senhor agora me acha com cara de batedor de carteira!

- Está difícil fazer-me entender pelo senhor. Mas, pelo que eu depreendi da nossa conversa, o senhor está precisando é de um capital de giro, não é mesmo?

- E eu lá quero saber de giro pela capital, moço. Detesto cidade grande. O que eu falei logo no começo e repito agora é que eu preciso de um dinheirinho emprestado. Só isso.

- Justamente o que eu falei. O senhor quer levantar um financiamento.

- Eu não quero levantar nada! Não posso: depois da operação de hérnia, o médico me proibiu de levantar peso. Quanto mais esse tal de financiamento que eu nem sei quanto pesa! Preciso é de dinheiro, seu moço, di-nhei-ro!

- Está bem, está bem. Vamos ver o que é possível fazer. Não se zangue. É meu dever fazer-lhe todas essas perguntas. Mas qual tipo de “dinheiro emprestado” o senhor quer? Temos várias modalidades: - FINAME, FINRURAL, PROTERRA, PROVÁRZEAS, FIBEP, FIRUM, FIREX, RESOLUÇÃO 14/45, LEI 4.113...

- Moço, pelo amor de Deus, como é que se diz “dinheirinho emprestado” aí nessa língua que o senhor está fazendo? É só isso que eu quero. Por favor, não complique as coisas que eu fico maluco.

- Tá bom, cavalheiro. Mas para que o banco lhe empreste um “dinheirinho” é preciso que o senhor apresente caução. Sem caução será muito difícil o senhor conseguir o seu “dinheirinho”.

- É, eu já imaginava que a nossa conversa ia desaguar nisso... A televisão é que é a culpada dessa pouca vergonha que anda por aí. Imagina um banco pedindo a gente pra ficar sem calção...

- Não, cavalheiro, não é nada disso. Eu estou falando de reciprocidade.

- Recipro... O quê?

- Re-ci-pro-ci-da-de. É preciso que o senhor mantenha um saldo depositado aqui no nosso banco, compatível com o “dinheirinho emprestado” que o senhor precisa...

- Mas peraí: se eu tou precisando de dinheiro como é que eu ainda vou arranjar algum para depositar no seu banco? Afinal, é o banco que vai me emprestar dinheiro ou sou eu que vou emprestar dinheiro pra ele? Moço, vou fazer uma coisa: volto pra minha fazenda e esqueço de dinheiro emprestado. Bem fazia o finado meu pai que guardava dinheiro no colchão e tinha sempre uns ouro pras necessidades. A gente não consegue se entender. O senhor usa esse palavreado difícil, moderno, que deve ser igual o jeito de falar dos americanos, dos japonês, eu só falo essa língua brasileira, né? O mundo tá ficando muito complicado pra mim...

- Se o senhor prefere assim...

- É, é melhor assim. Eu quebro o galho, vendo umas vaquinhas e fica o dito pelo não dito.

- Desculpe-me por não ter compreendido o senhor.

- Nada. Tô com raiva não. Quando tiver tempo, dá um pulo lá na minha fazenda para experimentar uns goles do meu “patrimônio líquido”. Garanto que na terceira dose a gente já vai estar se entendendo perfeitamente. Inté!

Bem-vindos ao meu blog!!!!!!!!
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Piiiiiiiiiiiiiimmm:

beijos!