PARA SARA, RAQUEL, LIA E PARA TODAS AS CRIANÇAS
Carlos Drummond de Andrade
Eu queria uma escola que cultivasse
a curiosidade e a alegria de aprender,
que é em vocês natural.
Eu queria uma escola que educasse
seu corpo e seus movimentos,
que possibilitasse seu crescimento físico
e sadio. Normal.
Eu queria uma escola que lhes ensinasse
tudo sobre a natureza, o ar, a matéria,
as plantas, os animais,
seu próprio corpo. Deus.
Mas que ensinasse primeiro
pela observação, pela descoberta,
pela experimentação.
E que desse coisas que lhes ensinasse
não só a conhecer. Como também a
aceitar, amar e preservar.
Eu queria uma escola que lhes
Ensinasse tudo sobre a nossa
história e a nossa terra de uma
maneira viva e atuante.
Eu queria uma escola que ensinasse
a vocês a usarem bem a nossa
língua, a pensarem e a se
expressarem com clareza.
Eu queria uma escola que ensinasse
a vocês a amar a nossa literatura e
a nossa poesia.
Eu queria uma escola que lhes ensinasse
a pensar, a raciocinar,
a procurar soluções.
Eu queria uma escola que, desde
cedo, usasse material concreto para
que vocês pudessem ir formando
corretamente os conceitos
matemáticos, os conceitos de
números, as operações... Usando
palitos, tampinhas, pedrinhas... Só
porcariinhas!!! Fazendo vocês
aprenderem brincando.
Oh, meu Deus!
Que Deus livre vocês de uma escola
onde tenham que copiar matéria.
Que Deus livre vocês de decorar
sem entender nomes, datas, fatos...
Que Deus livre vocês de aceitarem
conhecimentos “prontos”,
mediocremente embalados nos livros
didáticos descartáveis.
Que Deus livre vocês de ficarem
passivos, ouvindo e repetindo,
repetindo...
Eu também queria uma escola que
também desenvolvesse a
sensibilidade que vocês já têm,
para aprender o que é terno e bonito.
Eu queria uma escola que ensinasse
a conviver, a cooperar, a respeitar, a
esperar, a saber viver
em comunidade, em união...
Que vocês aprendessem a
transformar e criar.
Que lhes desse múltiplos meios de expressarem cada
sentimento, cada drama, cada emoção.
Ah! E antes que eu me esqueça: Deus livre vocês de um professor incompetente.
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