sexta-feira, 7 de agosto de 2009
domingo, 2 de agosto de 2009
Em outro encontro, depois do relato de experiências, que é um momento ímpar, lemos um trecho de um conto retirado do livro de Ângela Kleiman, Texto e leitor. Diante da proposta de trabalho, os cursistas produziram anúncios classificados, notícias, boletins de ocorrência, memorando, cartas, dentre outros.
PRECISA-SE
Precisa-se de governanta experiente para administrar uma casa grande, dois andares e três crianças.
Será necessária muita dedicação para organizar a lenha, acender a lareira e aquecer o ambiente.
Não se poderá esquecer, na educação das crianças, de ensiná-las a ouvir o crepitar das chamas.
Como a casa é isolada, é preciso preencher o vazio com risos, sonhos e música.
No último encontro do mês, realizaram a transposição de gêneros – levei fichas com textos de diferentes suportes.
Não se esqueça do
Plasil na sua bagagem.
PLASIL
Alívio imediato contra o enjoo.
O seu melhor companheiro para viagem.
Ivan, Conceição, Priscila,
Raquel e Marlene.
Propaganda transformada em notícia:
Ações do governo melhoram a vida dos brasileiros
“Tais ações beneficiarão muitos estudantes, além de ampliar o acesso ao Ensino Superior de qualidade”, explica o ministro da educação Fernando Haddad.
Ainda segundo ele, outras ações, como a ampliação do ProUni, o ProInfância e o Mais Educação contemplarão crianças e jovens de todo o país até o final de 2010.
“É assim que o país cresce, levando mais Brasil para mais brasileiros”, conclui.
Luciana, Márcia, Valéria e Gugu
“Um galo sozinho não tece uma manhã
ele precisará de outros galos.
De um que apanhe esse grito.....”.
João Cabral de Melo Neto
No mês de junho, pensando sempre em “quem é o professor de Português?”, “quem é o nosso aluno?”, continuamos as oficinas e usamos para leitura reflexiva dois textos: uma entrevista com o linguista João Wanderley Geraldi, publicada no almanaque Na ponta do lápis - “Professor não pode ter medo de errar” e “O conhecimento prévio na leitura” de Ângela Kleiman.
No último encontro do semestre, a turma assistiu ao filme “Narradores de Javé” e fizeram um plano de aula explorando esse recurso pedagógico.
Os relatos de prática são, em todos os encontros, momentos muito produtivos – é muito bom ter oportunidade de refletir sobre as atividades que aplicamos - há sempre muita interação. Os cursistas têm se preocupado em trabalhar atividades contextualizadas e afirmam que os alunos melhoraram e estão mais autônomos e mais motivados para as aulas – especialmente para as atividades realizadas coletivamente.
“Não tenho a menor ideia de onde aprendi a ser escritor. Mas posso garantir que não foi na escola.”
Rubem Alves
Para reflexão e deleite!!!!!!
PARA SARA, RAQUEL, LIA E PARA TODAS AS CRIANÇAS
Carlos Drummond de Andrade
Eu queria uma escola que cultivasse
a curiosidade e a alegria de aprender,
que é em vocês natural.
Eu queria uma escola que educasse
seu corpo e seus movimentos,
que possibilitasse seu crescimento físico
e sadio. Normal.
Eu queria uma escola que lhes ensinasse
tudo sobre a natureza, o ar, a matéria,
as plantas, os animais,
seu próprio corpo. Deus.
Mas que ensinasse primeiro
pela observação, pela descoberta,
pela experimentação.
E que desse coisas que lhes ensinasse
não só a conhecer. Como também a
aceitar, amar e preservar.
Eu queria uma escola que lhes
Ensinasse tudo sobre a nossa
história e a nossa terra de uma
maneira viva e atuante.
Eu queria uma escola que ensinasse
a vocês a usarem bem a nossa
língua, a pensarem e a se
expressarem com clareza.
Eu queria uma escola que ensinasse
a vocês a amar a nossa literatura e
a nossa poesia.
Eu queria uma escola que lhes ensinasse
a pensar, a raciocinar,
a procurar soluções.
Eu queria uma escola que, desde
cedo, usasse material concreto para
que vocês pudessem ir formando
corretamente os conceitos
matemáticos, os conceitos de
números, as operações... Usando
palitos, tampinhas, pedrinhas... Só
porcariinhas!!! Fazendo vocês
aprenderem brincando.
Oh, meu Deus!
Que Deus livre vocês de uma escola
onde tenham que copiar matéria.
Que Deus livre vocês de decorar
sem entender nomes, datas, fatos...
Que Deus livre vocês de aceitarem
conhecimentos “prontos”,
mediocremente embalados nos livros
didáticos descartáveis.
Que Deus livre vocês de ficarem
passivos, ouvindo e repetindo,
repetindo...
Eu também queria uma escola que
também desenvolvesse a
sensibilidade que vocês já têm,
para aprender o que é terno e bonito.
Eu queria uma escola que ensinasse
a conviver, a cooperar, a respeitar, a
esperar, a saber viver
em comunidade, em união...
Que vocês aprendessem a
transformar e criar.
Que lhes desse múltiplos meios de expressarem cada
sentimento, cada drama, cada emoção.
Ah! E antes que eu me esqueça: Deus livre vocês de um professor incompetente.
terça-feira, 9 de junho de 2009
Já não se fazem bancos como antigamente...
Já não se fazem bancos como antigamente...
Autor desconhecido
- Bom dia, moço! Eu vim porque tava precisando de um dinheiro... Sabe como é, né? As coisas não tão nada fácil...
- Depende, cavalheiro, há certas formalidades prévias que o senhor deverá atender para obter um empréstimo em nosso banco. O senhor já tem cadastro aqui no nosso banco?
- Se eu tenho o quê? Padrasto? O senhor quer dizer um padrinho, um pistolão?
- O que o senhor está querendo insinuar? Perguntei apenas se o senhor já tem ficha aqui no banco.
- Ah, ficha. Sei. Não, aqui no banco, não. Mas mês passado, quando eu operei de hérnia, eles fizeram uma pra mim lá no hospital. Eu tou até com ela aqui no bolso. Sorte, né? Eu peguei ela de lembrança, enquanto a enfermeira não tava olhando e juro que eu não imaginava que ela ainda fosse valer. O senhor pode aproveitar ela mesmo, pra gente ganhar tempo.
- Desculpe, cavalheiro, mas nós não estamos interessados em suas doenças. Precisamos apenas de alguns dados sobre a sua situação financeira. Por exemplo, qual é o seu patrimônio líquido?
- Olhe, líquido, líquido eu não tenho muita coisa não. Já tive no outro terreno que eu tinha. Eram três nascentes e duas água das que só vendo. Mas eu vendi... Meu patrimônio hoje é todo sólido: - terras, casas, um cafezal e umas vaquinhas. Bom, de líquido tem a represa da fazenda e umas garrafas de pinga do tempo que eu tive engenho. É das boas, das amarelinhas...
- O senhor já operou em algum banco?
- Não, em banco não. Operei mês passado mas foi no hospital mesmo, conforme eu falei pro senhor. Se eu soubesse que o banco do senhor opera eu podia ter vindo pra cá, né? Aí quem sabe facilitava agora na hora do empréstimo...
- Não, meu amigo; o senhor não me entendeu. Eu lhe perguntei se o senhor já operou em algum banco da praça?
- Não, na praça nunca. Só lá em casa, sabe. Eu mesmo é que capo meus porcos, corto os cascos das vacas com mangueira, essas coisas, sabe? Mas eu opero tudo é lá no curral mesmo. Tinha graça eu levar esses bichos pra operar num banco da praça, bem em frente da matriz!
- Não se trata disso, cavalheiro. Eu preciso saber é se o senhor já foi mutuário de alguma carteira?
- Que negócio é esse? Então o senhor me acha com cara de camelô para ser mostruário de carteira?
- Mostruário não. Eu disse mu-tu-á-rio. O senhor já teve experiência com alguma carteira?
- Essa agora! Em vez de camelô o senhor agora me acha com cara de batedor de carteira!
- Está difícil fazer-me entender pelo senhor. Mas, pelo que eu depreendi da nossa conversa, o senhor está precisando é de um capital de giro, não é mesmo?
- E eu lá quero saber de giro pela capital, moço. Detesto cidade grande. O que eu falei logo no começo e repito agora é que eu preciso de um dinheirinho emprestado. Só isso.
- Justamente o que eu falei. O senhor quer levantar um financiamento.
- Eu não quero levantar nada! Não posso: depois da operação de hérnia, o médico me proibiu de levantar peso. Quanto mais esse tal de financiamento que eu nem sei quanto pesa! Preciso é de dinheiro, seu moço, di-nhei-ro!
- Está bem, está bem. Vamos ver o que é possível fazer. Não se zangue. É meu dever fazer-lhe todas essas perguntas. Mas qual tipo de “dinheiro emprestado” o senhor quer? Temos várias modalidades: - FINAME, FINRURAL, PROTERRA, PROVÁRZEAS, FIBEP, FIRUM, FIREX, RESOLUÇÃO 14/45, LEI 4.113...
- Moço, pelo amor de Deus, como é que se diz “dinheirinho emprestado” aí nessa língua que o senhor está fazendo? É só isso que eu quero. Por favor, não complique as coisas que eu fico maluco.
- Tá bom, cavalheiro. Mas para que o banco lhe empreste um “dinheirinho” é preciso que o senhor apresente caução. Sem caução será muito difícil o senhor conseguir o seu “dinheirinho”.
- É, eu já imaginava que a nossa conversa ia desaguar nisso... A televisão é que é a culpada dessa pouca vergonha que anda por aí. Imagina um banco pedindo a gente pra ficar sem calção...
- Não, cavalheiro, não é nada disso. Eu estou falando de reciprocidade.
- Recipro... O quê?
- Re-ci-pro-ci-da-de. É preciso que o senhor mantenha um saldo depositado aqui no nosso banco, compatível com o “dinheirinho emprestado” que o senhor precisa...
- Mas peraí: se eu tou precisando de dinheiro como é que eu ainda vou arranjar algum para depositar no seu banco? Afinal, é o banco que vai me emprestar dinheiro ou sou eu que vou emprestar dinheiro pra ele? Moço, vou fazer uma coisa: volto pra minha fazenda e esqueço de dinheiro emprestado. Bem fazia o finado meu pai que guardava dinheiro no colchão e tinha sempre uns ouro pras necessidades. A gente não consegue se entender. O senhor usa esse palavreado difícil, moderno, que deve ser igual o jeito de falar dos americanos, dos japonês, eu só falo essa língua brasileira, né? O mundo tá ficando muito complicado pra mim...
- Se o senhor prefere assim...
- É, é melhor assim. Eu quebro o galho, vendo umas vaquinhas e fica o dito pelo não dito.
- Desculpe-me por não ter compreendido o senhor.
- Nada. Tô com raiva não. Quando tiver tempo, dá um pulo lá na minha fazenda para experimentar uns goles do meu “patrimônio líquido”. Garanto que na terceira dose a gente já vai estar se entendendo perfeitamente. Inté!